24/09/2008

auto-ajuda

Ofereceram-me um desses livros chamados de auto-ajuda, a pessoa que me ofereceu tem 2 licenciaturas e um mestrado. O meu primeiro pensamento é que está tudo maluco, não pela oferta, mas porque a pessoa devia conhecer-me melhor, embora, vejo agora, também eu pensava que a conhecia melhor. Desde miúdo que tenho gosto em conversar com pessoas de diferentes crenças, credos, personalidades e atitudes. Lembro-me de uma vez, deveria ter uns doze anos, em que duas moças testemunhas do Jeová tentaram durante cerca de 1 hora convencer-me que o primeiro homem tinha sido o Adão. Perguntaram-me se sabia quem tinha sido o primeiro homem e disse-lhes que sim, que era o Australopiteco, durante 1 hora as meninas diziam que era o Adão e eu dizia que era o outro da espécie macacóide, ainda por cima estava a dar o Paleolítico numa das minhas disciplinas favoritas, história. A conversa foi demorada e gira, foram na delas eu fiquei na minha. Pouco mais tarde, no 9.º ano, tive uma colega também testemunha do Jeová, que nas análises aos poemas tinha sempre umas opiniões estranhas, a turma ria e quase que a comiam, eu, impelido pelo meu lado altruísta, lá contornava as minhas opiniões de forma a que ela não ficasse sozinha e não, ela não era um borracho de que eu quisesse qualquer tipo de ajuda (naquela altura era mais auto-ajuda mesmo). Uma vez, num intervalo, o professor, um extraordinário professor que me dava cassetes com os Cure, Triffids, REM entre outros, perguntou-me porque é que eu fazia aquilo, acho que lhe disse que não gostava de ver as pessoas gozadas e muito menos isoladas. Arranquei um 5, espero que pelo esforço mental que eu fazia naquelas aulas para ajeitar o meu pensamento, embora as trocas de cassetes devam ter ajudado e o meu gosto por poesia também. Episódios destes têm-me surgido vários ao longo da vida, apesar de não gostar nada de interferir na vida dos outros, tenho este vício estranho de socorrer pessoas que por qualquer razão estão fragilizadas ou isoladas. Com 18 anos fiz a minha primeira empresa, Libercomp, artes gráficas, durou cerca de década e meia e os primeiros dez anos foram muito bons, tive um bar, nunca tive subsídios nem qualquer outro tipo de ajuda. Quando as coisas ficaram mal fui para Nova Iorque trabalhar e, regressado, fui acabar um curso que tinha deixado a meio. Entretanto, refiz um projecto musical que tenho desde os 16 anos, estou acabar de gravar um disco que paguei a construir, durante um ano, o estúdio onde está a ser gravado. Não satisfeito, comecei há quatro meses, a construir um estúdio/escola de música onde pretendo desenvolver várias actividades relacionadas com a música. Tudo sem dinheiro, apenas com a minha mão-de-obra e, principalmente, do meu irmão e do meu pai com 69 anos, que são gráficos de profissão. Isto tudo para dizer, para que raio preciso eu de um livro de auto-ajuda, das duas uma, se alguém me quiser ajudar não recuso mas se não me pusessem livros destes à frente já era bom. Em relação ao livro, já tentei começar a ler mas não consigo passar das primeiras páginas, é como ver aquele programa novo da Teresa Guilherme, não sabemos se havemos de rir ou de chorar.

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