11/02/2009

Na escuridão escura que vejo, tento aprender apreendendo todos os lugares, todas as cores, todos os cheiros, todas as razões, que fazem esta existência isolada. E sinto o vento que se levanta devagar, sinto as nuvens que regressam sem pressa, a chuva que não cai mas se anuncia, o gelo que não está mas represento. Assim, faço-me sombra escura na escuridão. A esta escuridão dobro-me sem esplendor, aparto-me de tudo e de todas as coisas, penso nas curvas turvas que esta sombra aparenta, e, dos lábios, forjo palavras vagas. Nesta chegada sem verdade, sem partida, desejo a folha, o fruto, a força, o abstracto, arranco árvores pelas raízes profundas, que seguro fazendo-me braços e mãos, que, nesta escuridão, te descobre e agarra. Assim, solto o tempo e o espaço faço o sol e a chuva, recolho-me feto ou sábio grisalho, divido o natural e o além, sou o espírito e sou a alma, sou a mãe, sou o pai, e o amor também.

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