24/12/2009

boas festas

Respiro, como um sopro de Primavera, como um bafo baço de Outono desfolhado. Construo-me nas estações, todas e qualquer uma, apanho brisas imaginadas e saio mundo fora, e vejo girassóis, rochas, rios, espaço, muito espaço, todo um espaço onde as coisas se fazem e se perdem, e, também, o tempo, não o dos ponteiros mas aquele que é meu, aquele que aprendo nas cores do céu, aquele que desagua na minha pele e salta dos olhos. No Inverno sou um pai todo poderoso, incendeio chamas cor de ferrugem para aquecer, aparto milagres em lençóis de linho e faço a cama. No Verão sou uma mãe cheia de razão, sou a água fresca onde mergulhas sem medo e a areia fina onde deixas a tua marca. Em todas as estações, todas, sou o mar, de onde parto, de onde chego, onde me fico. Profundo em mim, numa espera sem chegada. Só, quero estar só, quero ser só, verdadeiramente só. Sozinho, mergulhado neste mar onde vagueio ao sabor do vento. Só assim chego a ti.

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