16/06/2010

a espessura da felicidade

Viver com o coração na boca e a razão no peito a doer, desatino inquieto que sou. Nisto, faço coisas e gosto das coisas que faço, não pela importância, amanhã cai um calhau na terra e lá se vão as importâncias, tantas, mas, enquanto por cá se vai andando, não ficarei com a cabeça entre as orelhas a olhar o céu à espera do calhau. Aqui, donde sou e onde vivo, é o que sinto, cada vez mais sou a espreitar por entre as nuvens à espera do nada, cada vez mais vivo a espreitar por entre as nuvens à espera de tudo, e, apesar do que me prende e como para nada já chega o pouco que sou, apetece-me partir. As pessoas costumam dizer que querem ser felizes, outros dizem mesmo que são felizes, mas a felicidade não se anuncia ou deseja, a felicidade cumpre-se. E se é ridículo dizer que se é feliz, também nunca vi ninguém dizer que quer ser infeliz. Mas a questão nem é essa, este eu que figuro quer lá saber de ser feliz. Agora tentar seria bom.

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