31/10/2011

maioria maiorias enrendilhadas

"Um passeio pelas redes sociais, esse intrépido passatempo moderno, e logo me deparo pensando em como as pessoas andam modestas. Em todos os lugares das redes elas se confessam a todo instante, politicamente desinteressadas, inteligentemente deficientes, indignas ou incapazes de realizarem qualquer coisa. Ninguém crê ou tem convicção de nada, a não ser de sua própria imperfeição. Elas se vêem sempre como mutiladas. Frases como: “o primeiro desejo da inteligência é desconfiar dela mesma” ou “é preciso coragem para ser imperfeito”, seguido, do clichê socrático, “só sei que nada sei” e “preferia ser um burro para não sofrer tanto”, entulham os perfis ou se somam às mensagens diárias que as pessoas enviam umas às outras. Ninguém quer parecer auto-suficiente. Nos dias atuais isso soa indigno. Vai daí que as coisas andem tão pantanosas como estão. Ninguém tem a mínima convicção de nada. Andam todos em círculos esperando a voz de um líder que os indique o caminho. Com tantas trilhas abertas eu me pergunto o que estão todos ainda esperando para se enfurnarem em uma delas. Sigam as picadas ou desbravem rotas alternativas. Parem de ler manuais de auto-ajuda."


AQUI: http://implantesdeciclone.blogspot.com/




Relembrando um texto de 2009


Cada vez mais, tal como no tempo dos meus avós, volto a ouvir falar de mau olhado, superstições, bruxas, mezinhas. Conheço pessoas, quase todas relativamente bem e instruídas, que não param de me falar de auto-ajuda, feng shuis, meditismos e uma panóplia de situações que me deixam em estado de contracção para não ser indelicado e a abanar a cabeça ao jeito de pois, pois, tentando disfarçar o ar parvo com que fico. Porra pá, eu também gosto muito de Yoga, mas só porque aquilo estica-me o corpo todo depois do ginásio, quando começam a chamar não sei por quem desligo. Por outro lado, de forma mais séria, existem pessoas a organizar-se em movimentos cheios de boas intenções, mas completamente obscurantistas. Vou a uma entrevista de trabalho e a Sra. que me entrevista (que tem trabalho e não tão mau quanto isso) começa a desabafar comigo, à velocidade da luz, durante duas horas. Tenho uma reunião com vista a definir uma linha de trabalho para atingir determinados objectivos e está tudo completamente noutro planeta ou lugar espiritual sei lá. Com isto tudo, começa a parecer-me que o maluco sou eu, como os desgraçados deste estudo De Rerum Natura: Conformidade ou conformismo?, que apesar de saberem que a resposta estava mal seguem com a maioria. Apesar desta campanha, os medos são muitos e sinto um retrocesso civilizacional enorme, mas se calhar sou eu que estou a ficar choné.

AQUI: http://n--coisas.blogspot.com/search?q=auto+ajuda

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